CONCLUSÕES

A Comunicação Social Privada enfrenta uma situação frágil pela perda de assinantes, quebra de receitas do mercado publicitário e o aumento dos custos de produção.
Os apoios que existem são insuficientes para garantir a sobrevivência dessas empresas, na sua maioria micro-empresas, que, embora privadas, prestam um serviço público.
O Promedia está desfasado da realidade. São necessários novos mecanismos de apoio que podem passar por incentivos à leitura, isenções fiscais ou regras de mecenato específicas para as empresas que investem em publicidade.
As empresas queixam-se da pirataria digital e da discriminação no que diz respeito à publicidade institucional.
Os jornais estão conscientes da necessidade de abordarem as questões locais, mas perante o claro desinteresse das gerações mais jovens, temem que o jornal local, em papel, seja uma espécie em vias de extinção.
No Serviço Público, o conformismo com a agenda política e a falta de renovação dos recursos humanos à custa da precariedade, e dos baixos salários são os problemas que, na opinião dos jornalistas, minam a sua credibilidade e relevância.
Como nota de reprovação é apontada a acumulação de funções incompatíveis com a profissão de jornalista, como a de assessor, político ou apresentador de programas de entretenimento.
Sobre os centros regionais, é apontada a necessidade urgente de conhecer as audiências, sendo ainda de considerar um modelo de financiamento diferenciado para os Açores em relação à Madeira, tendo em conta os sobrecustos que advêm da dispersão geográfica.
É reconhecida a notoriedade do Serviço Público nos Açores e a preferência dos açorianos pela Televisão (surge em 3.º lugar) e da Rádio (em 2.º lugar), a ambição em introduzir melhorias no serviço público deverá passar por informar com uma agenda diferenciada, procurando contextos, outras fontes, outros ângulos.
Na era do digital, o Serviço Público necessita de ter uma estrutura capacitada; dar a mesma relevância à rádio, à televisão, e ao digital; possuir conteúdos em múltiplos serviços e plataformas; criar narrativas próprias, e não esperar pela hora dos noticiários âncora.
E quando se fala na ponte entre o ensino e o mercado laboral, está comprovado que, nos Açores, em termos de empregabilidade, os licenciados têm vantagem sobre os não qualificados.
Segundo dados da Universidade dos Açores (referentes a 2019-2020), cerca de 78% dos licenciados em Comunicação e Relações Públicas trabalham na sua área de formação, tendo encontrado emprego em menos de um ano.
Nas redações encontram um panorama marcado pela precariedade, a predominância do jornalismo de agenda institucional, a padronização dos comunicados, que retiram ao jornalista a dimensão autoral do seu trabalho.
Os dados do inquérito às Condições de Trabalho dos Jornalistas revelam que predomina na classe a exaustão emocional e a patologia da sobrecarga do trabalho.
Assim, foram apontadas como possíveis soluções, as reuniões de redação, com vista a envolver o jornalista no trabalho e na equipa, o “fact checking”, e o investimento no jornalismo de maior fôlego.
Sendo o trabalho parte integrante do bem-estar do ser humano, revela-se fundamental implementar estas soluções, para evitar situações extremas como o burnout e o desejo de fuga ao trabalho, por este ser fonte de patologias e sobrecarga excessiva.
Numa época dominada pelas falsas notícias, a par da divulgação de ferramentas de Inteligência Artificial (como o chatGPT), urge combater a desinformação e os muitos riscos e ameaças que ela gera, como o populismo e a manipulação da opinião pública.
O combate à desinformação passa por consciencializar a classe jornalística da necessidade de desconstruir a falsa notícia através da confirmação dos factos.
No entanto, esta ação dos jornalistas está fragilizada pelas dificuldades que a profissão atravessa: redações reduzidas, excesso de trabalho, baixos salários e precariedade laboral.
Será, assim, fundamental dotar os jornalistas das condições necessárias ao desempenho da sua função como garante de uma informação segura e confiável.
Essencial também é formar públicos com espírito crítico, área que deve ser cada vez mais desenvolvida pela Literacia para os Media.
Jornalismo, sempre o conhecemos pelo quarto poder, e na investigação, é onde ele se afirma, sendo indispensável à democracia.
É preciso desvendar as várias camadas do oculto, que os interesses dos poderosos querem que permaneça oculto, mas essa missão revela-se muito complexa em países como Portugal.
Ainda mais em regiões como os Açores, onde o mercado é frágil e os destinatários da mensagem jornalística não estão dispostos a pagar pela qualidade.
A cooperação entre jornalistas, que estabelecem uma rede de confiança entre si, é essencial para a sobrevivência da investigação.
A criação de consórcios de jornalistas na Região é, por isso, uma das soluções para que a investigação ganhe raízes e escala, para que se possa desvendar a verdade e criar histórias inevitáveis.
E se hoje o setor jornalístico português e açoriano é marcado pela precariedade laboral e pala voracidade informativa e concorrencial, no futuro, o jornalismo – e o acesso à informação – tem de ser aberto e livre. Não pode ser um benefício da classe e não pode fazer-se à custa das condições do trabalho precário.
Há novos meios e ferramentas a surgir, como a inteligência artificial. Estão a entrar nas redações, colocam novos desafios, mas são também uma oportunidade.
As histórias, as pessoas, vão assumir um espaço central nos meios de comunicação, por oposição à agenda do poder político e financeiro.
Esta foi a oportunidade, também, de votar propostas para melhorar o jornalismo e as condições para o produzir nos Açores.
Foram assim, aprovadas seis moções, destacando-se a defesa da criação de benefícios fiscais para as empresas de comunicação social e o combate à precariedade laboral.